sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O menino velho

Por que será que você não se lembra de ontem e de anteontem? Será que é a premissa de que ficará com alzheimer como seu pai? Ou será que é por que não há nada novo para lembrar?
Me afogo no sofá e ouço o seu passado que sai da sua boca com ares coloridos, mesmo nosso presente sendo assim meio preto e branco, novo e velho.

Não que seja ruim, não é. Gosto do teu cortejo, seus dedos estrangulando as cordas do violão, para me dizer o que você não consegue.

Com seus cabelos nublados e seu sorriso de sol, anda pela casa com sua pele verde, seu cheiro de mato. Agora sou seu pássaro que canta.

Queria ter te conhecido jovem, comendo menina na água salgada com saliva doce... Olhando tudo com curiosidade. Agora esses olhos são meus e não seus.

Porém, as suas façanhas não se comparam às minhas. Transar com travesseiros na cara. Depois de não aceitar percebi que nossos corpos se sentem e não precisam se ver, até porque a cara nos trai colocando palavras mudas na nossa boca.

Seus anos de vida caem sobre o meu corpo, que exala excitação, e quando me viro você já se foi, só está a sua voz a cantarolar. Meu corpo ardendo em flor e seu inverno que não passa.


Será que já entregou flores a alguém? Não sei. Mas se o fez, deu e saiu correndo afobado, levando os espinhos na mão. E como um menino desprotegido chorou e amou escondido debaixo da cama, de onde não saiu até hoje.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Dúvida

Talvez eu esteja
doente ou sadia
mais puritana 
ou mais vadia

Meio moleca
meio safada
meio contida
meio gingada
Na dúvida ou certeza
sigo pensativa
sendo bolinada
pela vida 

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O que distrai, o que destrói

A fome destrói
A desesperança destrói
O desamor destrói
A cegueira destrói
A falta de sonho destrói
O desemprego destrói
A cachaça distrai

domingo, 28 de agosto de 2011

Reticências...

No meu corpo há aspiradores
Que tudo sugam
Minhas dores, meu amores
Que não se formam como flor...
Por que disso?
Poderia viver sem o seu amor
Sem a bela flor que nascerá
E não será entregue a mim...
Porque um poeta é um pobre diabo
Que toma todas as dores,
Abraça sem poder...
Pois ninguém aguenta este mundo
E tudo deverá ser encontrado
Ou melhor ainda,  perdido...


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Contraste

Vejo minha faca
fatiando seus olhos
que nadam num caldo
grosso e doloroso

Porque não posso
prometer à você
o que não posso
ser pra mim 

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Questão de língua

Com ele
Suspiro sílabas, salientes, saltitantes
Ele faz os meus tremas tintilarem
E os meus tils tremerem

Enternece as minhas consoantes, suantes
As sugo e chupo com língua languida
Respirando rs, rolando, roendo, rasante
Gemendo vogais ai, assim, aí sim!

Ele me leva ao ponto de exclamação!

Mas sempre brochamos em interrogação:
Não sou suficiente, ele foge de mim,
me estimula e me deixa na mão,
me trai, me provoca,
me humilha e me umedece os lábios,
descomunal, monumentalmente crescendo,
endurecendo com a água na minha boca.

E eu engulo, engulo, engulo.
Ao final o que quero é mais.
Porra! É foda falar o português, viu.

Ingrid Hapke 

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Cara sem rosto

Ele não liga pra mim
não, não
ele não liga pra ninguém
vive no mundo perdido
de tudo mais aquém

Couro de jacaré
por ali nada passa
nem lança, nem fé
mas debaixo da mesa
ama escondido

Apóia-se nos filósofos
a superfície é firme como crepom
as teses comeram sua cabeça
e ele não mais a pertence

Joga sujo no seu jogo limpo
as regras são porcos de asas
seu beijo é falso
mas o tesão é verdadeiro 

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Trabalhar é crime

Minhas sacolas balançavam no compasso de minhas pernas, e os fracos raios sol aqueciam meus braços desnudos.
Estava estranhamente feliz, vendo meu bairro como se fosse pela primeira vez, fitando lentamente os rostos que por mim passavam.
Finalmente não estava em um ônibus lotado, cultivando ódio por pessoas fodidas como eu, que sem querer acabavam por me socar como massa de pão. Mas naquele dia estava satisfeita com a vida simples.
Depois de caminhar um pouco vi um carrinho com bonitos cachecóis, meias e luvas também. Enquanto olhava fui impedida de ver todos os produtos, pois num sopro as coisas estavam sendo ensacadas violentamente. No meio das pessoas que se aglomeravam, vi no rosto de uma senhora preta o motivo.
As mãos enrugadas, levadas à cabeça, seguravam desesperadamente os cabelos. As lágrimas umedeciam seu rosto chutado pelo tempo e pelos sofrimentos.

 - Pelo amor de Deus não leva minhas coisinha não, é tudo que eu tenho!
Parei para que os leões me comessem por dentro sem estardalhaço.
Meus olhos boiavam como dois mortos diante da brutalidade e injustiça. Os homens que protegem a gente agiam mecanicamente, e cheguei a desconfiar se eram mesmo humanos.

Um com cara de pedra segurava a mulher e respirava um ar de dever cumprido, o outro com cara de paisagem guardava os pertences que mais tarde serviriam de presente para seus amigos e familiares.
Minha impossibilidade de agir, arrancou-me os braços. Minhas sacolas estavam no chão assim como aquela mulher.  

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Sem sopro

Ligaram-me para falar dela...
Disseram-me que não há mais cheiro de coisa nova
Nem braços pequenos contornando-me num abraço

Os cabelos não mais roçariam meu rosto pela manhã
Os objetos não mais voariam em minha direção
Não há mais olhos molhados por causa de minhas palavras rudes

Disseram-me que não mais morderia e amaria sua carne como se fosse a última
Nem me entrelaçaria à sua alma, me sentindo pleno e completo
Não veria mais seu rosto alegre brincando com nosso cachorro velho

Nunca mais veria nada
Ela fecha os olhos, eu deixo de enxergar

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A estrela sem hora

Vi a estrela que não
estava na hora como fora
Macabeá em outrora

Os passos medrosos
dançavam com a vassoura 
seu príncipe de madeira 

Dentro do uniforme 
só se via a bucha gasta
esmagada contra o vidro

Mergulhada na inocência
tinha uma feiura doce
um olhar pedinte 
Não fora desenhada
por um anjo Clarice
era um rabisco da vida

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Pelas bocas

Pelas bocas
falamos o que pensamos
e o que é conviente,
cuspimos o que faz mal
acariciamos com palavras doces
agredimos com palavras duras
engolimos desaforos e
mordemos o desconhecido.

Pelas bocas
conhecemos o outro
desconhecemos a nós mesmos
gritamos a indiferença e
calamos a injustiça.
Então o elo com braços, costas,
mãos, testas, pés e bocas...
Acariciamos com os lábios o velho,
a criança, o preto, o branco, o rico ,
o pobre, o cristão, o ateu,
o alienado e o politizado.

Por amizade, por paixão
por respeito, por amor
e por tesão.
Tão somente por isso,
o beijo é o ato mais sublime da boca

segunda-feira, 14 de março de 2011

Poetas

Deuses da sabedoria
Salvadores de almas
Provocam ventania
Nem sempre pedem calma

Jardins cinzentos
Pintam sem pedir licença
Sentimentos perdidos 
Presentes na ausência

Atrevidos, viram o
Mundo de ponta cabeça
Criam palavras, 
E com elas fazem com que
O ser seco se umedeça

Sem eles não há vida
É tudo ilusão
Apenas um respirar
Um coração leviano a pulsar...




sábado, 12 de março de 2011

(Im)perfeita

Me xingue, grite
me bata
Escandalize
na frente dos outros

Ligue insistentemente
tranque a porta
Cerceie minha liberdade
de pensar, e de agir

Incite em mim os piores
demônios
Me fazendo capaz de
quase agredi-la
sem pensar

Me faça odiá-la
por minutos de horas
Me ame e proteja
à sua maneira

Pois meu coração
arde por ti
Dúbio de raiva
e de ternura

Mas em qualquer
momento e tempo
o amor será eterno
e inabálavel
Simplesmente mãe...

sexta-feira, 4 de março de 2011

O tempo da amante

Catarina mulher formosa, era olhada por todos. Independente dos interesses, homens e mulheres a cobiçavam. Os pés pequenos e delicados de uma criança carregavam o corpo saliente de uma serpente envolvente, e perigosa. Olhos latentes, boca delicada, cintura fina e o emaranhado dos cabelos tiravam do caminho até os homens mais convictos.

Catarina não era mulher de um homem só, liberta, se entregava a quem aparecesse desde que este lhe despertasse desejos e tivesse algo distinto dos demais - com quem já se deitara.

Mas tinha uma sina - algo que independia do querer. Não só entregava o corpo, mas  também o coração, a cada leviano que por sua vida passava.


Se doava a todos e não se doava a ninguém, amava a todos e não amava a ninguém.


Mulher intensa sofria as dores de um câncer, quando seus amantes de poucos momentos iam embora. Passava dias equivalentes há anos amargando o abandono e a solidão, fazendo da melancolia sua fiel companheira.

Nua, vagava pela casa como uma alma penada confundindo os cômodos, os olhos partidos não guiavam seu corpo sem vida, sem a sombra de um amor. Bebia as  lágrimas e alimentava-se das lembranças, do cheiro que ainda permanecia no travesseiro...

Juntos eram irracionais, dois corações insensatos que cediam a tudo que o corpo pedia. Lembrava-se de tudo nos mínimos detalhes, lembrava até perder a memória. Até a tristeza lhe cansar e fazê-la adormecer.

Depois do temporal Catarina voltava mais radiante, sua beleza e juventude tinham mais viço - renovada para o próximo furação. Que fugazmente seria digno de seu corpo, seu coração e sua dor.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Noite derradeira

Aquele Deus insólito
De corpo esquálido
Dominou a rosa
Que não era de ninguém

A pétala formosa
Amassada e desejada
Desfigurou-se

Nas mãos daquele homem
Jorrava seu sumo
Manchando-o
De ternura e prazer

Deslizando pelas ruas sujas
O homem se foi
Rosa, já não era mais
Transformou-se em mulher

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Marias

Maria ria, de tão má a vida
era que mais ria.
Ria, o porquê da sangria
da falta de água na pia

O choro engolia
e nada se comia
o filho partia, partia Maria

O deserto se via
o bicho grunhia, e logo morria
Maria só pedia, pedia, pedia
nem deus, nem homem atendia

O destino a aturdia
logo se via
ali a vida sucumbiria

Nada adiantaria
acabaria com a agonia 
para longe caminharia
marcando os pés magros na rocha fria

Com cansaço ela subia
sua vida entregaria
sincera, Maria ria

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Mágico

Encantei-me por um mágico.
Sorriso malicioso
e mão macia
que há tempos me queria
na sua cama
que nunca está vazia...

Se vazia nao está,
quando nao estou lá
alguém está no meu lugar,
feliz a desfrutar
do mágico esperto 
sempre a enfeitiçar
mas nunca à enganar

Adoro quando lá estou 
a cantarolar
e a bebericar o vinho
nativo de sua boca,
com gosto especial
tornando tudo surreal

Outras lambuzam-se
do seu olhar
de suas palavras
teu jeito de falar,
irrelevância,
tenho o meu lugar

Nao sofro, 
nao alegro.
Apenas espero
a vez de me enfeitiçar
para o meu corpo
lembrar...


Angelina Miranda

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Mórbidos


Nenhum sofrimento é tão dilacerante
Quanto o do próximo sendo massacrado
Diante dos nossos olhos

Ideais construídos com tanta luta e sacrifício
No decorrer daquelas vidas
Não são compreendidos por nós

Nossas vidas custaram uma chuva
De sangue, sofrimento e revolta
Que hoje é ligeiramente esquecido

Extinto de nossas memórias
Que são cobertas por acontecimentos
Intensos de individualidade e conseqüentemente
Sem nenhum valor póstumo


Angelina Miranda
17/04/07

Nascente da evolução

Lugar de lutas e historias
templo de glória.
Almas esquecidas,
mas aqui encontram vitória.

Casa acolhedora, onde há respeito
sorriso nos lábios
e esperança no peito.

Casa de adoração
cujas palavras
nunca são ditas em vão.
Vejo nos olhos do irmão
versos que saem do coração.

Vejo a diversidade então
branco, ruiva, mulata e negão.
Tendo a mesma ambição
nada somos sem educação

Explorados de dia
desabafam a noite
relatam a agonia
chega de açoite.

No bar do Zé Batidão
não existe solidão.
Saem versos bonitos
Baseados na opressão.

Vamos sempre questionar
e a luta continuar,
não apenas reclamar
levantar e batalhar.

Encontrei o meu lugar
aqui quero ficar,
as quartas me emocionar
E ver a comunidade mudar.

Obs. Minha homenagem à Cooperifa.

Os trabalha(dores)

Vendados e distraídos
Na grande lata humana
Não escolhem, são oprimidos
Nesta política soberana.

Atrelados a seres eletrônicos
Corpos respondem mecanicamente
Meios de vida econômicos
Decorrência deste sistema displicente.

Na próxima esquina entregam o suor
É a rotina do espetáculo do capital
A corte ordena, assim é melhor
Brasileiros obedientes, povo excepcional.

Reflexões dos balões


Hoje nenhum ser buarque 
Apazigua o silência de minh'alma
Hoje nao sinto chegar a tarde
Pensamentos, planos. Calma.

Nenhum livro me algema
Cachorro algum me faz feliz
O mundo grita: "tema!"
Como seria a alegria duma meretriz?

De que vale pensar?
De que vale cantarolar?
artesanar? poetar?
De que vale escrever?
Nada vale saber! 
Vale ter!


Angelina Miranda

Elas

Ela quer te entrelaçar
Eu, conversar.
Ela quer ter amordaçar
E fazer de ti o amor só dela
Eu, apenas admirar.
Suas palavras singelas

Ela quer que você pare de beber
E que acredite em Deus.
Eu, quero embriagar-me contigo ate esquecer...
E agradeço a Deus por quase te ter.

Ela quer que você a proteja
E a faça acreditar
Eu quero domar-te
E beijar-te até cansar

Impossível é separar ela de mim
Pois somos o demônio e o querubim
Se ficares com ela então me aceite assim
Pois ela e eu jamais no separaremos
Nem naquilo que chamam de fim...

Sofia

Quando fiz de tudo poesia
Pra dizer o que eu sentia
Fui mostrar
Ela não me ouvia
E mesmo
Insistindo todo dia
Era inútil
Não me ouvia
Sofia! Sofia!
Não ouvia
E não havia 
O que fizesse ela atender
Sempre dispersiva
Sempre muito ativa
Sofia é do tipo que não pára
Não espera e mal respira
Imagine se ela vai ouvir poesia!
Sofia, escuta essa, vai
É pequena
É um haicai

Por fim
Noite de lua cheia
Prometeu que me ouviria
Bem mais tarde às onze e meia
Nunca senti tanta alegria
Mas cheguei
Ela já dormia
Sofia! Sofia!
Não ouvia
E não havia
O que fizesse ela acordar
Sofia quando dorme
Sente um prazer enorme
Fui saindo triste abatido
Tipo tudo está perdido
Imagine agora a chance que me resta
Pra pegá-la acordada
Só encontrando numa festa

Então, liguei de novo pra Sofia
Confirmando o mesmo horário
Mas numa danceteria
A casa de tão cheia
Já fervia
E ela dançando 
Nem me via
Sofia! Sofia!
Não ouvia
E não havia
O que fizesse ela parar
Sofia quando dança
Pode perder a esperança
Mas eu tinha que tentar:

Sofia
Estou aqui esperando
Pra mostrar pra você
Aquela poesia, aquela, lembra?
Que eu te lia, te lia, te lia,
E você não ouvia, não ouvia, não ouvia
Hoje é o dia
Vem ouvir vai
Ela é pequeninha
Parece um haicai
E foi feita especialmente
Sofia, eu estou falando com você
Pára um pouco
Vamos lá fora
Eu leio e vou embora
Ou então aqui mesmo
Te leio no ouvido
Se você não entender
A gente soletra, interpreta
Etc, etc, etc...
Nada, nada, nada, só pulava
Não ouvia uma palavra

Aí já alguma coisa me dizia
Que do jeito que ia indo
Ela nunca me ouviria
Essa era a verdade crua e fria
Que no meu peito doía
Sofria, sofria!
E foi sofrendo
Que eu cheguei
Nessa agonia de hoje em dia
Fico aqui pensando
Onde é que estou errando
Será
Que é o conceito de poesia
Ou é defeito da Sofia?
Ainda vou fazer novos haicais
Reduzindo um pouco mais
Todos muito especiais
Sofia vai gostar demais!


Luiz Tatit

Tantin

A pia pinga
a fome aperta
penso:"Ai que fadiga"
Tomara ser a pobreza incerta

Hoje pão com ovo
amanha pão com nada,
depois começa de novo
peleja na estrada.

É igual no mercado, 
é igual no bar,
contando as cervejas 
que eu posso pagar.

Já parei pra pensar
com o que eu posso pagar
Com poesia e talvez ate cantar,
mas se eu nao posso pagar em dinheiro
nem me deixam falar

Porque aqui nesse lugar
só vale o que voce tem
então se eu nao tenho nada
sinal que não sou ninguém

Visita-me

Certas madrugadas solitárias e etílicas 
Quando a fumaça do cigarro 
Se torna densa demais
Abro as janelas de minha casa 
e abasteço-me de vento frio e fresco.

É nessa hora que entram os anjos vagabundos
bebem comigo, mexem nos meus armários, quebram minhas louças...
alguns puxam meus cabelos e fazem-me cócegas
outros afagam meu rosto, onde a barba cresce difícil e dura.

Depois rodeiam-me, cantam e compõe
não sei como, máscaras humanas. 
Fico um pouco assustado, 
mas esses emissários de Deus, 
percebendo minha palidez, amenizam meu medo.

Fazendo séries de perguntas, de indiscrições rodeios... 
antes de dizerem o que querem afinal.
Perguntam-me pelos meus sofrimentos de amor, 
pelo meu pai e pelos meus filhos.

E por mais que conheçam 
a condição miserável do homem
chego às vezes a desconfiar 
que eles me invejam...

Augusto Cerqueira